domingo, junho 07, 2015

[CRÔNICA] Café Econômico

07|06|15 · A hora pisca no celular e encho a metade da (terceira, quarta?) xícara de café do dia. Ando ágil rumo à agência bancária com a ideia de que, quanto mais cedo chego lá, menos tempo levarei para voltar para casa.

— Pede a (quentinha) grande para mim.
— Tá, vai querer o quê? 
— Bife acebolado, sem farofa. Tô igual a presidiário, uma refeição por dia.
— (risos) Essa é para o dia todo, né? 
— É, aí à noite eu não como, só bebo.

A conversa entre os dois funcionários sobe em meio ao silêncio falso do ar condicionado chiado, as impressoras proletárias e a máquina de senhas. A fome sobe gritando a via crucis do meu estômago, bem na fila do banco durante a hora do almoço.

Não faço ideia do que vou comer em casa, apenas que será corrido. Tudo é bem rápido hoje em dia — menos ir ao banco.

— Vai me esperar? — negocia a jovem sentada atrás da placa Empréstimos e Financiamentos com outra prestes a sair pela porta giratória. 
— Vou sim. Eu pedi um filé, quero comer uma proteína.

Quando finalmente é minha vez, o atendente (que antes ligou para pedir a quentinha do colega) me diz para separar os documentos.

— Enquanto você faz isso, vou dar um pulo ali e já volto.

Ele some como o primeiro milho que estoura para fora da panela e você nunca encontra nos desbravamentos do chão da cozinha. Expiro um tanto quanto forte demais, os papéis da pasta tremulam em resposta. No final das contas, até que uma pipoca cairia bem.


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