sábado, abril 11, 2015

[CRÔNICA] Cretino


14|04|15 · Preciso muito parar de exigir mentalmente das pessoas aquilo que já cobro em excesso de mim mesmo. A frustração inquietante me pega no berço da madrugada, nos instantes eternos de sentidos entre checar as últimas mensagens e ensaiar o sono. Abro o Facebook e não há ajuste de luminosidade que esclareça o porquê das faltas de respostas, ou daquelas que mais confundem do que elucidam. 

O Twitter teia narrativas que não captam minha atenção pelo tardar da noite, as exceções se perdem no leito volátil da timeline. Tudo que postei há algum tempo sem um feedback sequer. Tweets e mais tweets, inúmeros, tanto quanto nós mesmos, caindo e subindo. Cercados dessa polifonia e, ainda assim, somos tão sozinhos.

A carência por ser ouvido e, mormente, correspondido. É o WiFi supremo em qualidade do universo, sempre alcançando nossos dispositivos cranianos onde quer que estejamos. O silêncio fatia as esperanças de felicidade do dia seguinte nas digitações do WhatsApp, um imediatismo conscientemente dramático que me abraça num cretino boa noite.

Programo o despertador com um arrastado inspirar e me atrapalho pelo touchscreen na escolha das horas e minutos. No final das contas, lágrimas não teclam.


2 comentários:

  1. Talvez o feedback, com tanta conectividade, por fim, fique apenas nas conexões neurais.
    Me vi ao ler.

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    1. Acho interessante seu reconhecimento no texto, Mariane. Seu feedback (!) sobre ele acabou sendo bem positivo pra mim nesse caso, rs.

      Obrigado por comentar, volte sempre!

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